Tanto tempo sem atualizar o blog me deixou com uma dúvida: o que colocar de informação pois nestes 3 meses desde a última publicação muita coisa já aconteceu. A primeira é a volta da coloração característica da água do mar em Angra dos Reis. Saiu aquela água "caldo de cana" de tão verde (e quente) e tivemos o retorno de águas claras e mais amenas.
Isto permitiu que realizássemos o mergulho de março de forma bastante agradável. E com a água clara, muitas surpresas boas. Muitos animais, lugares muito lindos de se mergulhar e perceber que ao menos parte da Ilha Grande ainda está "livre" do coral sol. Mas a ameaça está lá, à espreita...
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Paredão rochoso recoberto por Tubastrea spp na Ilha de Jorge Grego, RJ. |
Observamos uma grande quantidade de esponjas calcáreas da espécie Paraleucilla magna. É uma espécie considerada exótica em águas brasileiras, embora os pesquisadores estejam reconsiderando este status. Mas desde que iniciamos nossos mergulhos, em 2013, não havíamos notado a presença de tantos indivíduos na face oceânica da Ilha.
Outros animais observados durante a coleta foram uma moréia que se encontrava parcialmente enterrada na areia, lagostas e uma Aplysia.
Mas o objetivo do nosso trabalho desta vez é com a diversidade de Ascidiacea na região da Baía da Ilha Grande. Havíamos programado a retirada dos coletores experimentais que imergimos em fevereiro para o final do mês de abril. Mas infelizmente, este é (e tem sido) o período em que as frentes frias e ressacas marítimas costumam aumentar sua frequência e intensidade. Como a segurança vem em primeiro lugar, fomos obrigados a adiar esta retirada de coletores para o final de maio.
Imagem de satélite do dia 21/04/2014 mostrando a grande massa polar que se dirigia ao S e SE do Brasil, e que produziu em alto mar, ondas de até 6m. Na costa, foi de até 2,5m. Ou seja, para quem precisa navegar e estar perto de pedras, impossível e inseguro. (Fonte: CPTEC/INPE)
Mas apesar disto, o mergulho de fevereiro trouxe boas descobertas. Uma delas foi a ampliação da ocorrência de Ascidia papilatta na região, tanto em substrato natural quanto artificial.
E o mês de abril foi destinado ao estudo taxonômico mais detalhado de Ascidiacea, identificando algumas espécies junto com a Dra. Rosana Rocha, uma das maiores especialistas no grupo na atualidade. E para a nossa surpresa, em uma das amostras da Ilha, uma nova espécie de ascídia. Observando outros espécimes de outros locais do Brasil, chegamos à conclusão que estamos tratando muito possivelmente de duas espécies novas. Agora é hora de terminar as descrições para apresentá-las à comunidade científica e à sociedade. Mas muitas outras espécies foram observadas, mostrando que a Baía da Ilha Grande apresenta uma grande diversidade de espécies de Ascidias também.
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Microcosmus exasperatus (laranja) recoberta por um Didemnidae branco |
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Didemnidae preta |
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Didemnidae laranja e branca |
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Três espécies diferentes de Didemnidae |
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Ascidia sydneiensis |
O mês de maio começou com coletas em Cabo Frio, em um estudo de busca de produtos bioativos produzidos por invertebrados marinhos. O projeto é coordenado pelo Prof. Dr. Roberto Berlinck da USP e reuniu a equipe de especialistas em Porifera do Museu Nacional do Rio de Janeiro, coordenado pelo Prof. Dr. Eduardo Hajdu e seus alunos, mestres em Zoologia Camille Leal e Cassio Fonseca. A equipe de Ascidiacea foi formada por mim e pelas Mestras em Zoologia Danielle Barboza e Lívia Oliveira. Uma outra visão desta coleta pode ser lida no excelente blog sobre esponjas do Brasil criado e mantido pelo Prof. Eduardo Hajdu (http://esponjasbrasileiras.blogspot.com.br/)
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Diplosoma sp |
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Diplosoma sp |
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Didemnum sp |
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Didemnum sp |
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Didemnum sp |
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Didemnum sp |
Então aguardem o final de maio para mais novidades!
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