A FAPERJ apoia as atividades do Laboratório

3 de set. de 2014

Globalização de fauna bioincrustante

A distribuição de organismos bioincrustantes é relacionada aos processos de dispersão, colonização dos substratos por larvas invertebrados marinhos e propágulos de algas e da sobrevivência destas mesmas estruturas no habitat, de acordo com as características do ambiente como temperatura, salinidade, materiais em suspensão dentre outros.

A navegação e o comércio marítimo ao longo dos anos tem transportado espécies entre diferentes regiões dos oceanos. Muitas destas espécies passaram a apresentar, então, uma ampla distribuição geográfica, incrementando a similaridade na composição específica, mesmo considerando-se regiões geograficamente muito afastadas. Isto tem sido denominado de Globalização de Comunidades Bioincrustantes e tem sido relatada em alguns artigos, inclusive no Brasil (Ignacio et al., 2010).

As áreas portuárias são consideradas como as principais portas de entrada destes organismos por uma fatores como a constante chegada de embarcações, a grande disponibilidade de substratos artificiais, alterações em regimes de correntes e sedimentação, aumento de nutrientes na água dentre outros. A partir destes portos, a dispersão pode ocorrer de forma natural, podendo ser facilitada por transportes regionais/ locais em embarcações menores.

Mapa da Baía da Ilha Grande indicando as áreas onde o acompanhamento da fauna de Ascidiacea está sendo realizado (marcações em amarelo) e os terminais portuários da TEBIG e Angra dos Reis (marcador em azul)

Alterações costeiras como construções que incrementem a disponibilidade de substratos ou a circulação de água (marinas e quebra-mares) e/ou na qualidade da água parecem contribuir para esta globalização de fauna.

Nossos trabalhos recentes, utilizando Ascidias como modelos, tem indicado similaridade entre a fauna presente neste tipo de ambiente (marinas).  Por exemplo, registramos que as espécies Styela plicata e Botrylloides nigrum são frequentemente encontradas nestas regiões. No entanto, a densidade com que ocorrem e/ ou a presença de outras espécies são dependentes de características da água, especialmente o grau de poluição orgânica.


Cnidaria (anêmona) com grande dominânica em um dos locais de coleta.

Styela plicata acompanhada por outros organismos bioincrustantes

Styela plicata recobertas por Botrylloides nigrum (laranja).

Agregado (cluster) de Styela plicata, algumas recobertas por Botrylloides nigrum (laranja). Este grande adensamento de indivíduos cria refúgios internos e permite que outras espécies de Ascidiacea se abriguem em seu interior e possam sobreviver, mesmo na presença de predadores

Styela plicata com seus sifões abertos, acompanhado de outras espécies bioncrustantes como algas, poliquetos e esponjas



Ignacio BL, Julio LM, Junqueira AOR, Ferreira-Silva MAG (2010) Bioinvasion in a Brazilian Bay: Filling Gaps in the Knowledge of Southwestern Atlantic Biota. PLoS ONE 5(9): e13065. doi:10.1371/journal.pone.0013065

Agenda de Atividades do Laboratório