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22 de mai. de 2014

Dia da Biodiversidade 2014

Hoje, 22 de maio é o dia mundial da Biodiversidade.

É um dia para pensarmos em quão rico é nosso planeta, com muitas formas de vida diferentes, procurando perpetuar-se no tempo e espaço. Inclusive nós.

Este ano o tema escolhido foi a Biodiversidade nas Ilhas.

International Day for Biological Diversity 2014

E por que ? Por que as ilhas são os ecossistemas mais ameaçados em todo o planeta, e não só para espécies não humanas. Nós humanos também estamos perdendo nossos habitats, nossos recursos essenciais à nossa própria vida. Alimento, água, espaço para nossas atividades, tudo isto está sendo consumido e destruído com uma velocidade que já passou do alarmante.

As Ilhas marinhas, sobretudo muitas daquelas localizadas no indo-pacífico estão à beira do colapso:  desaparecerão, serão lavadas dos oceanos pela subida do nível do mar. Não, não é uma previsão catastrófica, isso já é uma realidade catastrófica para milhões de habitantes destas ilhas, que perderão mais do que seu local de moradia. Perderão sua cultura, sua identidade de povo, seu solo onde seus antepassados construíram toda sua história.

John Donne (1572-1631), poeta inglês já afirmava:

"Nenhum homem é uma ilha isolada; cada homem é uma partícula do continente, uma parte da terra; se um torrão é arrastado para o mar, a Europa fica diminuída, como se fosse um promontório, como se fosse a casa dos teus amigos ou a tua própria; a morte de qualquer homem diminui-me, porque sou parte do gênero humano. E por isso não perguntes por quem os sinos dobram; eles dobram por ti"

Somos parte do ambiente. Sem ele, não existimos. Não existiremos! Cada pedaço de ambiente que se vai, cada espécie que se perde, é uma parte de nossa sobrevivência, de nosso futuro que vai embora também. Que nosso povo terráqueo seja capaz de aprender isto. Já é tarde. Mas podemos construir um novo futuro.

http://www.cbd.int/idb/2014/






11 de mai. de 2014

Ascidiando pelo Brasil

Tanto tempo sem atualizar o blog me  deixou com uma dúvida: o que colocar de informação pois nestes 3 meses desde a última publicação muita coisa já aconteceu. A primeira é a volta da coloração característica da água do mar em Angra dos Reis. Saiu aquela água "caldo de cana" de tão verde (e quente) e tivemos o retorno de águas claras e mais amenas.

Isto permitiu que realizássemos o mergulho de março de forma bastante agradável. E com a água clara, muitas surpresas boas. Muitos animais, lugares muito lindos de se mergulhar e perceber que ao menos parte da Ilha Grande ainda está "livre" do coral sol. Mas a ameaça está lá, à espreita...

Paredão rochoso recoberto por Tubastrea spp na Ilha de Jorge Grego, RJ.

 Observamos uma grande quantidade de esponjas calcáreas da espécie Paraleucilla magna. É uma espécie considerada exótica em águas brasileiras, embora os pesquisadores estejam reconsiderando este status. Mas desde que iniciamos nossos mergulhos, em 2013, não havíamos notado a presença de tantos indivíduos na face oceânica da Ilha.





 Outros animais observados durante a coleta foram uma moréia que se encontrava parcialmente enterrada na areia, lagostas e uma Aplysia.

Mas o objetivo do nosso trabalho desta vez é com a diversidade de Ascidiacea na região da Baía da Ilha Grande. Havíamos programado a retirada dos coletores experimentais que imergimos em fevereiro para o final do mês de abril. Mas infelizmente, este é (e tem sido) o período em que as frentes frias e ressacas marítimas costumam aumentar sua frequência e intensidade. Como a segurança vem em primeiro lugar, fomos obrigados a adiar esta retirada de coletores para o final de maio.

Imagem de satélite do dia 21/04/2014 mostrando a grande massa polar que se dirigia ao S e SE do Brasil, e que produziu em alto mar, ondas de até 6m. Na costa, foi de até 2,5m. Ou seja, para quem precisa navegar e estar perto de pedras, impossível e inseguro. (Fonte: CPTEC/INPE)

Mas apesar disto, o mergulho de fevereiro trouxe boas descobertas. Uma delas foi a ampliação da ocorrência de Ascidia papilatta na região, tanto em substrato natural quanto artificial.





E o mês de abril foi destinado ao estudo taxonômico mais detalhado de Ascidiacea, identificando algumas espécies junto com a Dra. Rosana Rocha, uma das maiores especialistas no grupo na atualidade. E para a nossa surpresa, em uma das amostras da Ilha, uma nova espécie de ascídia. Observando outros espécimes de outros locais do Brasil, chegamos à conclusão que estamos tratando muito possivelmente de duas espécies novas. Agora é hora de terminar as descrições para apresentá-las à comunidade científica e à sociedade. Mas muitas outras espécies foram observadas, mostrando que a Baía da Ilha Grande apresenta uma grande diversidade de espécies de Ascidias também.

Microcosmus exasperatus (laranja) recoberta por um Didemnidae branco

Didemnidae preta

Didemnidae laranja e branca

Três espécies diferentes de Didemnidae

Ascidia sydneiensis



O mês de maio começou com coletas em Cabo Frio, em um estudo de busca de produtos bioativos produzidos por invertebrados marinhos. O projeto é coordenado pelo Prof. Dr. Roberto Berlinck da USP e reuniu a equipe de especialistas em Porifera do Museu Nacional do Rio de Janeiro, coordenado pelo Prof. Dr. Eduardo Hajdu e seus alunos, mestres em Zoologia Camille Leal e Cassio Fonseca. A equipe de Ascidiacea foi formada por mim e pelas Mestras em Zoologia Danielle Barboza e Lívia Oliveira. Uma outra visão desta coleta pode ser lida no excelente blog sobre esponjas do Brasil criado e mantido pelo Prof. Eduardo Hajdu (http://esponjasbrasileiras.blogspot.com.br/)

Diplosoma sp

Diplosoma sp

Didemnum sp

Didemnum sp

Didemnum sp

Didemnum sp



Então aguardem o final de maio para mais novidades!






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