A distribuição de organismos bioincrustantes é relacionada aos processos de dispersão, colonização dos substratos por larvas invertebrados marinhos e propágulos de algas e da sobrevivência destas mesmas estruturas no habitat, de acordo com as características do ambiente como temperatura, salinidade, materiais em suspensão dentre outros.
A navegação e o comércio marítimo ao longo dos anos tem transportado espécies entre diferentes regiões dos oceanos. Muitas destas espécies passaram a apresentar, então, uma ampla distribuição geográfica, incrementando a similaridade na composição específica, mesmo considerando-se regiões geograficamente muito afastadas. Isto tem sido denominado de Globalização de Comunidades Bioincrustantes e tem sido relatada em alguns artigos, inclusive no Brasil (Ignacio et al., 2010).
As áreas portuárias são consideradas como as principais portas de entrada destes organismos por uma fatores como a constante chegada de embarcações, a grande disponibilidade de substratos artificiais, alterações em regimes de correntes e sedimentação, aumento de nutrientes na água dentre outros. A partir destes portos, a dispersão pode ocorrer de forma natural, podendo ser facilitada por transportes regionais/ locais em embarcações menores.
Alterações costeiras como construções que incrementem a disponibilidade de substratos ou a circulação de água (marinas e quebra-mares) e/ou na qualidade da água parecem contribuir para esta globalização de fauna.
Nossos trabalhos recentes, utilizando Ascidias como modelos, tem indicado similaridade entre a fauna presente neste tipo de ambiente (marinas). Por exemplo, registramos que as espécies Styela plicata e Botrylloides nigrum são frequentemente encontradas nestas regiões. No entanto, a densidade com que ocorrem e/ ou a presença de outras espécies são dependentes de características da água, especialmente o grau de poluição orgânica.
Cnidaria (anêmona) com grande dominânica em um dos locais de coleta. |
Styela plicata acompanhada por outros organismos bioincrustantes |
Styela plicata recobertas por Botrylloides nigrum (laranja). |
Styela plicata com seus sifões abertos, acompanhado de outras espécies bioncrustantes como algas, poliquetos e esponjas |
Ignacio BL, Julio LM, Junqueira AOR, Ferreira-Silva MAG (2010) Bioinvasion in a Brazilian Bay: Filling Gaps in the Knowledge of Southwestern Atlantic Biota. PLoS ONE 5(9): e13065. doi:10.1371/journal.pone.0013065